05 nov Criopreservação do sangue do cordão umbilical
Há algum tempo a ciência tem descoberto a importância do uso das células-tronco para tratamento de diversas doenças hematológicas e do sistema imunológico. A ciência tem avançado cada vez mais em seus estudos, mas muitas vezes esses esbarram em questões legais e religiosas. Para melhor entendermos sobre esse assunto, dividi o texto em perguntas e respostas sobre as dúvidas mais frequentes. Vamos lá?
As células-tronco são células de características muito especiais. Elas surgem no ser humano na fase embrionária, previamente ao nascimento e tem a capacidade de se transformar em qualquer célula especializada do corpo. Elas são capazes de se renovar por meio da divisão celular mesmo após longos períodos de inatividade e induzidas a formar células de tecidos e órgãos com funções especiais. Após o nascimento, alguns órgãos ainda mantêm dentro de si, uma pequena porção de células-tronco, que são responsáveis pela RENOVAÇÃO constante desse órgão específico. Essas células têm duas características distintas: conseguem se reproduzir, duplicando-se, gerando duas células com iguais características; conseguem diferenciar-se, ou seja, transformar-se em diversas outras células de seus respectivos tecidos e órgãos.
A MEDULA ÓSSEA contém células-tronco hematopoéticas, que se tranformam constantemente em novas células de sangue, mas pesquisas recentes têm demonstrado a presença de células-tronco específicas presentes em outros tecidos como o fígado, o tecido adiposo, o sistema nervoso central, a pele etc. A utilização para fins terapêuticos dessas células também tem sido alvo de vários estudos. Há também células-tronco no sangue do CORDÃO UMBILICAL E PLACENTÁRIO que tem características adultas, porém são mais imaturas e ainda pouco estimuladas.Qual é o uso atual das células-tronco?
Atualmente, as células-tronco são utilizadas para recuperar o sistema hematopoético (células sanguíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia e/ou à radioterapia. Nessas situações, a infusão das células-tronco é vital, uma vez que a quimioterapia e/ou a radioterapia também destróem as células-tronco do paciente.O sangue do cordão umbilical é utilizado para que tipo de tratamento?
O sangue do cordão é uma das fontes de células-tronco para o transplante de medula óssea e este é o ÚNICO uso deste material atualmente. O transplante é indicado para pacientes com leucemia aguda; leucemia mieloide crônica; leucemia mielomonocítica crônica; linfomas ; anemias graves; anemias congênitas; hemoglobinopatias; imunodeficiências congênitas; mieloma múltiplo; Síndrome mielodisplásica hipocelular; Imunodeficiência combinada severa; osteopetrose; mielofibrose primária em fase evolutiva; Síndrome mielodisplásica em transformação; talassemia major, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune (cerca de 70 indicações).As células-tronco podem ser utilizadas em tratamentos de outras doenças?
Sim, mas todas ainda em estudo, alguns deles bem avançados. São essas as doenças beneficiadas:
– Câncer (reconstrução de tecidos e entendimento da divisão anormal de células)
– Doenças Cardíacas (renovação do tecido)
– Degeneração macular (reposição de células ou tecido da retina)
– Diabetes (injeção de células produtoras de insulina)
– Doenças autoimunes (reposição de células do sangue)
– Doença pulmonar (crescimento de novo tecido)
– Esclerose múltipla (reposição de células cerebrais)
– Lesões na medula (reposição de células neurais)
– Mal de Parkinson (reposição de células cerebrais)
– Mal de Alzheimer (reposição das células cerebrais)
– Osteoartrite (reconstrução do tecido)
– Osteoporose (reposição de células)
Depois dessas explicações iniciais podemos entender a importância da decisão dos pais em coletar e congelar o sangue do cordão umbilical . É importante salientar que o uso clínico do Sangue de Cordão Umbilical em famílias sem risco definido é muito baixo. Embora a ciência demonstre um aumento na utilização clínica da Célula-Tronco do Sangue de Cordão Umbilical, grande parte ainda está na fase experimental e não deve ser especulado como tratamento disponível atualmente. Além disso, não podemos garantir o uso da Célula-Tronco Autóloga (do próprio paciente) em todas as doenças genéticas.
E quando um casal decide coletar e preservar o sangue do cordão umbilical do seu filho surgem as seguintes dúvidas:
Como é feita a coleta?
A coleta é feita pelo médico ou enfermeiro treinado, logo após cortar o cordão e separá-lo do bebê. Todo o sangue que fica na placenta, que geralmente é desprezado no lixo, cerca de 70 a 100ml, é coletado em uma bolsa específica, que contém anticoagulante e enviado para um laboratório que o armazenará a 150 graus negativos por um período ainda indeterminado de tempo.
Quanto tempo congelado o sangue fica ideal para uso?
Ainda não se sabe qual é esse tempo, mas há laboratórios que tem bolsas congeladas há 25 anos e ainda próprias para uso.
Quais as vantagens de congelar o sangue do cordão umbilical?
A principal vantagem é que as células do cordão estão imediatamente disponíveis. Não há necessidade de localizar o doador compatível e submetê-lo à retirada da medula óssea.
Já houve algum transplante de células-tronco do cordão umbilical?
O primeiro transplante de célula-tronco do Sangue de Cordão Umbilical ocorreu em 1988, numa criança com Anemia de Fanconi. Desde então, mais de 14000 transplantes já foram realizados utilizando a mesma fonte.
Como vemos, ainda há muito a ser descoberto e o futuro para o tratamento de várias outras doenças ainda em estudo, é promissor. Mas atualmente, o uso de células-tronco está limitado às doenças do sangue, às autoimunes e recuperação pós quimio ou radioterapia. Quando um casal decide congelar o sangue do cordão umbilical, deve levar em consideração qual o risco dessas doenças aparecerem no seu filho e para isso só se pode levar em consideração a história familiar. Decisão nada fácil de ser tomada. Uma boa conversa com seu obstetra pode ajudar a decidir com mais facilidade.
Outro ponto a ser levado em consideração é o custo para esse prodecimento e armazenamento do sangue por vários anos. Seu obstetra estará apto para lhe fornecer essas informações importantes.
Para esse texto me baseei em informações do site de criogenêse e do site do INCA.